Dorso

domingo, 22 de enero de 2012

BRASIL -Justiça suspende ordem de reintegração do Pinheirinho.

Escrito por http://www.solidariedadepinheirinho.blogspot.com/   
Sáb, 21 de Janeiro de 2012 12:44
Numa grande vitória dos moradores do Pinheirinho, uma decisão do Tribunal Regional Federal – 3ª. Região suspendeu, nesta sexta-feira, dia 20, a ordem de reintegração de posse da Ocupação, em São José dos Campos. A decisão foi tomada pelo desembargador federal Antonio Cedenho, da 5ª Turma do TRF.
 
O desembargador determinou que a União passasse a integrar o processo por conta do interesse do Governo Federal na área. Assim, o processo será deslocado da Justiça Estadual (da juíza Márcia Loureiro) para a Justiça Federal.
 
Não cabe recurso às instâncias superiores, enquanto a turma de desembargadores do Tribunal não analisar a decisão.
 
A decisão revalida a liminar concedida, dia 17, pela juíza substituta Roberta Monza Chiari momentos antes da execução da reintegração de posse pela Tropa de Choque da Polícia Militar. Nessa liminar, a juíza Roberta Chiari reconhece o interesse da União no caso e cita ofício do Ministério da Cidade pedindo adiamento da reintegração.

A medida é em resposta ao Agravo de Instrumento impetrado pelos advogados dos moradores, em que pediam o reconhecimento do interesse da União no caso e que fosse deferida uma liminar impedindo a execução da ordem de despejo.
 
“Hoje é dia de festa na periferia. Continuamos insistindo que a solução definitiva não está no Judiciário, mas no Executivo. O prefeito Eduardo Cury tem a obrigação de negociar junto aos governos federal e estadual para que possamos encontrar uma saída pacífica que beneficie os moradores do Pinheirinho”, afirma o advogado dos moradores Antonio Donizete Ferreira.
 
 
Reportagem: o outro lado do Pinheirinho
Luciana Cândido, direto de São Jose dos Campos
 
Aproveitamos a relativa calma da quarta-feira, 18, para passear pelo Pinheirinho e conhecer melhor seus moradores. O cartunista Carlos Latuff nos acompanhava e postava fotos dos lugares por onde passávamos em seu Twitter. Ele veio do Rio de Janeiro especialmente para visitar o bairro, um apoio muito importante para aquela população.
 
Voltamos à casa de Priscila e Reginaldo nesta quarta-feira. Quando chegamos, Priscila estava com as roupas todas do lado de fora, separando para levar no caso de ser retirada pela polícia – e também para secar, pois estavam úmidas da chuva que quase não para. A pequena Pâmela, de apenas um mês, chorava no colo da mãe. Pablo, o filho de três anos, assistia desenho animado dentro da casa. Reginaldo estava trabalhando fora.
 
A casa é pequena, mas foi construída pelo próprio Reginaldo, que é um homem muito criativo. No jardim, ele separou um cantinho para as crianças, que decorou com brinquedos de todos os tipos. Reginaldo fez para os filhos. Ao fundo, a plantação recebe o nome de Sítio do Ricardo. “Ricardo era o nome do irmão do Reginaldo. Ele morreu de câncer. O Reginaldo plantou o feijão formando o nome dele. Já está crescendo, dá para ver um pouco”, contou Priscila.
 
No pequeno rancho da família, também tem mandioca, melancia, cebolinha, banana entre outras plantas. Eles vivem disso e da reciclagem, atividade muito comum no Pinheirinho. Priscila contou que o filho Pablo é muito inteligente. Tentando imitar o trabalho do pai, ele brinca com a enxada. Ela mostrou umas pedras que enfeitam o jardim de brinquedos que foram colocadas por Pablo. “Perguntei para ele ‘o que você está fazendo?’ E ele disse ‘é pra ficar bonito, mãe’.”
 
Perguntamos como tinham passado a noite de segunda para terça, quando quase aconteceu a invasão. “Eu lembrei muito de vocês, pensei ‘eles devem estar lá na frente’. O Reginaldo foi lá, mas não viu vocês. Também, era muita gente”, comenta Priscila.
 
Ela contou que ficou com as crianças na igreja, local destinado para resguardar as crianças, os idosos e os deficientes no momento da invasão. “Como foi na hora que você recebeu a notícia?”, perguntamos. “Nossa, foi uma choradeira só, aquele monte de mães”, respondeu.
 
Pâmela parou de chorar. “Ela sente, eles sabem que tem alguma coisa ruim acontecendo”, lastimou Priscila.
 
Nós nos despedimos e seguimos andando. O Pinheirinho é grande e ainda havia muitas ruas para percorrer.










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